EU TENHO UM SONHO.

Por Roney Ricardo

   Sim, é verdade! O título desta reflexão foi inspirado no título do célebre sermão de Matin Luther King Jr., "Eu tenho um sonho", pregado em 1963, na Marcha sobre Whashington. O contexto deste texto, no entanto, é bem diferente, como você há de notar nas linhas que se seguem. Todos nós temos sonhos, e sonhar é bom. Por mais que entendamos que nem todos os sonhos que temos vão ser realizados por Deus, alguns o serão, conforme Sua vontade. E sonhar é fundamental no sentido de nos mover em direção a um ideal. O sonho nos tira do "lugar" onde estamos, nos desloca da zona de conforto na medida em que nos esforçamos pela sua concretização. Assim, enfatizo: precisamos sonhar.

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       No contexto do Reino de Deus, também precisamos cultivar ideais e assim trabalharmos para que eles deixem de ser apenas aspirações, mas fatos concretos entre nós. Deus nos deu uma missão. Somos trabalhadores Dele e de Sua Seara. Quando olho para o atual cenário da Igreja Evangélica Brasileira, meu coração bate forte por um sonho. Um sonho que é por ela, para ela e a serviço dela. Por esse sonho eu trabalho, eu ensino, eu sofro, eu oro, eu escrevo...

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      Assim, eu tenho um sonho para a Igreja brasileira, sonho que resumo nas sentenças se seguem. Embora, a seguir, repita várias vezes a expressão "Sonho que...", o sonho é um só: ver a Igreja Evangélica Brasileira dar meia volta no caminho que ela está tomando. São várias faces de um mesmo sonho.

Assim, eu tenho um sonho: Sonho que nossas denominações tenham menos estruturas institucionais, como "órgãos", "diretorias", "conselhos", "regiões", "convenções", etc., etc., etc., que cada vez mais descaracterizam a Igreja e dão à ela um viés mais empresarial do que o que ela deve ser de fato: um organismo vivo ligado à cabeça, que é Cristo! Repartições são para empresas. Igreja precisa ser dinâmica, viva, vibrante, sem tantas "senhas", "agendamentos" e formalidades mecânicas. Um "lugar" onde todos sejam um em Cristo, amando-se de todo o coração.

       A institucionalização deve ser uma necessidade, não um mote.

Sonho que nossos pastores voltem a encarar a Igreja como sendo de Cristo, e não dele próprio, nem de sua família. Como é triste ver pastores que - notadamente - incluem como seus sucessores pessoas que em alguns casos sequer tem condições espirituais, morais e familiares para liderarem uma igreja. Mesmo assim o fazem, por conveniência pessoal.

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        Sonho que as nossas denominações voltem a entender que a institucionalização existe para servir à Igreja, e não o contrário! Instituição à serviço do Reino, não o oposto. Menos diretores, mais pastores! Menos gestores, mais servos! Menos administradores, mais homens e mulheres que sejam guiados pelo Espírito de Deus!

Sonho que nossos líderes espirituais - especialmente na minha denominação, a Assembleia de Deus no Brasil - entendam que a Igreja precisa investir em pessoas mais do que em estruturas e eventos. Gastamos milhares e milhões de reais, promovendo encontros, shows e "atrações" que não geram espiritualidade centrada na Bíblia, profundidade de vida com Deus e um cristianismo sólido nos crentes.

       Me choca o fato de que a nossa denominação simplesmente não investe como deveria, por exemplo, na formação de mestres e doutores, que servirão à Igreja no ensino e preparo de novos pastores e obreiros. Preferimos pagar R$ 50 mil a um cantor para ouvi-lo por uma ou duas horas, do que investir na formação de nossos mestres.

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        Sonho que nossos líderes, obreiros e membros entendam que não se trata de ajudar apenas "quem é da casa". Esquecemo-nos que Jesus morreu por pecadores, inclusive por aqueles que o crucificavam? Esquecemo-nos que Estêvão orou por aqueles que o apedrejavam? Esquecemo-nos que ajudar o outro é uma forma prática e eficaz de demonstrar o amor de Deus que, diga-se de passagem, é factual e não apenas oral? Por acaso nos esquecemos do axioma do Mestre: "... para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus"?

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       Eu tenho um sonho: sonho que nossos pregadores e adoradores sejam menos "artistas", "menos atendedores de convites" e mais cumpridores de uma vocação, de um ministério, de uma chamada que arde no peito e independe de cachês! Sonho que a Igreja Brasileira diga adeus aos "profissionais de púlpito" e "cumpridores de agenda" e que nossas pregações e ministrações voltem a ser marcadas pelas lágrimas, pela oração, pelo poder de Deus... pela sinceridade. Sonho que ao receber um convite, nossos pregadores e adoradores perguntem: "Teremos pecadores ouvindo a mensagem de salvação?" ao invés de "Quanto vocês me pagarão?"...

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       Sonho que você, ao ler ou ouvir essas palavras, lute por esta igreja sonhada, para que ela deixe de ser um ideal e se torne, mais e mais, uma realidade.